Café sob pressão
O aumento das temperaturas e as alterações no regime de chuvas estão transformando radicalmente o panorama da cafeicultura capixaba, exigindo soluções inovadoras para garantir sua sobrevivência
por Leandro Fidelis e Rosimeri Ronquetti
em 29/05/2025 às 4h59
18 min de leitura

Foto: divulgação
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O café sempre foi um símbolo do Espírito Santo. Do conilon ao arábica, o Estado é o segundo maior produtor de café e o primeiro em conilon do Brasil, movimentando a economia e sustentando milhares de famílias. No entanto, a atual crise climática ameaça essa tradição. Estudos recentes da Universidade Estadual Paulista (Unesp) apontam que, nas próximas cinco décadas, até 50% das áreas atualmente propícias ao cultivo do café arábica podem se tornar inadequadas devido ao aumento das temperaturas e às alterações no regime de chuvas.
Desde 2021, eventos climáticos extremos vêm castigando os cafezais no Brasil e em outros grandes produtores como Vietnã e Indonésia. A situação se reflete no mercado: em fevereiro de 2025, o preço do café arábica atingiu níveis recordes no mercado brasileiro. No dia 12, o indicador Cepea/Esalq registrou R$ 2.769,45 por saca de 60 kg, estabelecendo um novo recorde real desde o início da série histórica em novembro de 1996. Em 21 de março de 2025, o preço da saca era de R$ 2.553,66.
No verão de 2024, o Espírito Santo registrou sensação térmica de 70 graus em algumas regiões, que estão registrando temperaturas até 7°C acima da média. As ondas de calor extremo já comprometem a produtividade do café em regiões tradicionais, como Nova Venécia, onde a queda na produção chegou a 70%. Só para se ter ideia, um aumento de apenas 1°C na temperatura pode reduzir a produção de conilon em até 25%, como veremos adiante. O calor intenso afeta o processo de fotossíntese, dificulta o desenvolvimento dos grãos e contribui para o aumento de frutos chochos ou malformados, o que pode comprometer a safra de 2025.
O diretor de produção da Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Lajinha (Coocafé), Pedro Araújo, com atuação também no Caparaó e nas Montanhas Capixabas, destaca a intensidade das mudanças. “As chuvas eram mais regulares no ado. Hoje, chove até a mesma quantidade, mas de forma concentrada, o que obriga o produtor a adaptar a adubação e buscar formas de reter umidade no solo. A lavoura está sob estresse constante.”
A Climatempo tem monitorado atentamente as tendências climáticas para os próximos meses no Espírito Santo. Neste momento, em especial a região produtora de conilon, enfrenta uma situação crítica devido à baixa disponibilidade de água no solo. De acordo com a meteorologista da empresa, Dayane Figueiredo, o cenário é resultado de um período prolongado de tempo aberto e altas temperaturas, que têm comprometido a umidade do solo, essencial para o desenvolvimento das lavouras.
Apesar de mais resistente ao calor, o conilon demonstra mais flexibilidade e inteligência climática. Um estudo internacional liderado pelo Instituto Capixaba de Assistência Técnica, Pesquisa e Extensão Rural (Incaper) sugere que o Coffea canephora pode ser considerado “climaticamente inteligente”, ou seja, capaz de se adaptar às mudanças climáticas e manter bom desempenho tanto na produtividade quanto na qualidade da bebida. O estudo, realizado entre 2017 e 2022 em altitudes de 620 a 720 metros, concluiu que o conilon tem a capacidade de se adaptar a diferentes condições climáticas.
Segundo a pesquisa, a planta se mostrou capaz de enfrentar variações climáticas adversas e, ao mesmo tempo, manter produtividade elevada e qualidade sensorial na bebida. Como observa Elaine Riva, pesquisadora do Incaper, os resultados demonstraram a “plasticidade do conilon”, ou seja, sua capacidade de adaptação a diferentes ambientes, uma característica essencial frente aos efeitos das mudanças climáticas.
Esse comportamento do conilon pode ser um fator chave para mitigar os impactos das alterações climáticas, tornando-o uma opção estratégica para os cafeicultores do Espírito Santo, especialmente em uma época em que as temperaturas estão aumentando e as condições para o cultivo de outras variedades, como as do arábica, se tornam mais desafiadoras. No cenário atual, é a versatilidade do conilon que se destaca, podendo ser cultivado em regiões mais altas, onde antes se acreditava ser impossível devido ao seu comportamento flexível frente ao clima.
As vantagens dessa adaptabilidade, entretanto, não livram o conilon da ameaça crescente do clima. “Embora o café conilon seja uma variedade mais resistente ao calor, as temperaturas extremamente elevadas observadas recentemente estão gerando impactos negativos, como a escaldadura das sementes, caracterizada pelo surgimento de manchas escurecidas. Esse fenômeno prejudica a qualidade do grão, afetando diretamente a produção e a rentabilidade”, afirma Dayane (Climatempo).

Dayane: altas temperaturas têm comprometido a umidade do solo, essencial para o desenvolvimento das lavouras. Foto: divulgação
Para os próximos meses, a previsão é de que o Estado continue enfrentando chuvas abaixo da média, com acumulados baixos e eventos de precipitação localizados, o que dificultará a recuperação da umidade do solo. A previsão é de um aumento das temperaturas máximas nos primeiros dias de março, o que poderá agravar ainda mais o estresse térmico nas lavouras. Isso deve resultar em desafios para a manutenção da saúde da cultura, exigindo acompanhamento constante e estratégias de manejo que minimizem os impactos climáticos. Em abril, as chuvas devem ocorrer de forma espaçada e localizada, contribuindo para o aumento da umidade do solo. No entanto, não serão suficientes para garantir sua manutenção.
“A Climatempo pode ajudar os produtores de café a se planejarem melhor diante das mudanças climáticas por meio de previsões meteorológicas precisas e análises especializadas. Diante de um cenário cada vez mais desafiador, é essencial que os cafeicultores estejam preparados para enfrentar adversidades e adotem práticas agrícolas adaptativas para mitigar os impactos das condições extremas”, completa a meteorologista.
Com previsões de curto, médio e longo prazo, a Climatempo auxilia na identificação de períodos críticos, permitindo que os produtores antecipem ações como a aplicação de palhada para reter a umidade do solo, a implantação de cercas-vivas e quebra-ventos para reduzir os impactos do calor e dos ventos fortes, além de ajustar o manejo da lavoura conforme as variações climáticas. Dessa forma, o o a informações meteorológicas confiáveis contribui para a tomada de decisões mais assertivas, aumentando a resiliência da produção e minimizando riscos.

Foto: Leandro Fidelis
O conilon sobe a serra
Diante do avanço do calor, uma mudança significativa está em curso. O conilon, tradicionalmente cultivado em regiões mais quentes e baixas, está migrando para áreas de maior altitude, como o Caparaó, onde está situado o Pico da Bandeira, terceiro em altitude no Brasil. Pesquisas conduzidas pelo Incaper indicam que o conilon pode se adaptar bem a altitudes acima de 600 metros, algo antes considerado inviável.
Casos como o do agricultor Genecir da Silva Vimercati (60) reforçam essa tendência. Em sua propriedade, na localidade de Cachoeira Alegre, a 3,5 km da sede de Dores do Rio Preto, os clones testados há três anos demonstram bom desenvolvimento, e a primeira colheita deve render 62 sacas por hectare a partir de maio, juntamente com a do arábica. O sucesso levou Genecir a expandir o plantio, adquirindo mais mil mudas em 2024.
Natural de Alegre, o cafeicultor conta que chegou à localidade em 1979 e, desde então, tem se dedicado à produção de café. Em 3 hectares de lavoura, Genecir cultiva 3.000 covas de arábica e a mesma quantidade de conilon. A decisão pelo conilon veio após orientação técnica do Incaper, que recomendou as variedades R22, R08, CM1 e A1. “Estou fazendo uma experiência agradável”, afirma.
A mudança climática foi um fator determinante para essa decisão. “Jamais imaginei que o clima fosse mudar tanto aos pés do Pico da Bandeira”, conta Genecir. Se antes, dias a 25°C já eram considerados quentes, hoje, os verões estão registrando 35°C, o que despertou sua atenção para novas possibilidades na lavoura.

A adição de práticas resilientes, como uso de protetores solares no conilon, é essencial para garantir a sustentabilidade do setor. Foto: Leandro Fidelis
A ideia de plantar conilon começou a amadurecer há cerca de cinco anos ao perceber a alteração no clima. No início, muitos duvidaram da escolha, mas ele seguiu firme, inspirado até mesmo em um versículo bíblico: “Quem olha o vento, não semeia. E quem olha as nuvens, não ceifa” (Eclesiastes 11:4)”. Convicto de sua decisão, Vimercati acredita que, com o aumento gradual das temperaturas, a produção do conilon na região só tende a melhorar.
Além das mudanças climáticas, experiências bem-sucedidas em municípios vizinhos, como Iúna e Irupi, reforçaram a certeza de Vimercati. Para reduzir riscos, ele plantou as mudas no meio da lavoura antiga, minimizando possíveis prejuízos. Agora, à medida que os pés de conilon se desenvolvem, ele vê sua decisão se consolidando e já comemora os bons resultados.
Genecir também destaca as vantagens do conilon em relação ao arábica, especialmente no manejo. “Pode deixar secar no pé que não cai, gasta menos para dar um saco, e é muito melhor para panhar”, explica. A escassez de mão de obra na região também pesou na escolha, já que o conilon facilita a colheita em áreas mais altas. Com uma lavoura sempre renovada e de fácil manejo, ele já atraiu o interesse de outros produtores da região, que veem no conilon uma alternativa viável.
Movimento
A experiência de Genecir Vimercati reflete um movimento maior. Em Guaçuí, após 15 anos trabalhando com morangos orgânicos no Sítio Santa Marta, no distrito de São Pedro, Gilson Rodrigues Quinelato (61) resolveu investir no conilon. Em 2023, plantou 1.500 mudas de conilon e, no ano seguinte, mais 500.
A lavoura, localizada a aproximadamente 630m de altitude, está com quase dois anos e vem superando as expectativas. No total, Quinelato está testando oito variedades, entre elas o A1. “Plantei sem medo. O clima está mudando muito, e tenho a impressão de que o conilon vai se adaptar melhor aqui do que nas regiões mais quentes. A lavoura está um espetáculo, é a primeira colheita e tem muito café. Deve dar uma média de 10 a 12 litros por planta”, relata.

Para Quinelato, conilon dá menos trabalho que o arábica. Foto: divulgação
Com experiência prévia no cultivo de conilon e arábica, Gilson destaca a facilidade no manejo do primeiro. “Ele tem mais vantagens para trabalhar, dá menos trabalho. Você pode roçar em vez de capinar e, de vez em quando, jogar um herbicida”.
O mesmo aconteceu com José Geraldo Carvalho (69), do Córrego do Laje, em Ibitirama, também no Caparaó. Em 2017, orientado por um extensionista do Incaper, ele decidiu testar mil mudas da cultura a 900m de altitude. Para isso, viajou até Marilândia, no Norte do Espírito Santo, onde adquiriu sete variedades diferentes.
Animado com os primeiros resultados, José Geraldo expandiu o investimento em dezembro de 2020, plantando mais 3.000 pés, também com clones variados. Entre as variedades cultivadas nas duas ocasiões, apenas duas foram repetidas: A1 e LB1. “Foram as que se desenvolveram melhor e produziram bem mais aqui na região”, explica Eduardo José Carvalho Costa (39), filho de Geraldo.
Mais Conexão Safra
Com irrigação por gotejamento, os resultados são promissores. Em 2024, a lavoura plantada em 2017 rendeu 127 sacas por hectare. Já a área plantada por último, que estava em sua segunda colheita, produziu 60 sacas por hectare. “Somos acostumados com o arábica, mas não encontramos desafio nenhum no cultivo do conilon. Valeu a pena o investimento, foi um excelente negócio, uma experiência bastante positiva, sem dúvida”, afirma Eduardo.
De acordo com o Incaper, a produtividade média do conilon no Espírito Santo já superou as 45,94 sc/ha. No entanto, muitos produtores tecnificados conseguem colher mais de 180 sc/ha, mostrando o potencial da cultura mesmo em regiões de altitude.
O extensionista Antoniel Rodrigues acompanha experimentos desse novo zoneamento agroclimático na região do Caparaó. Para ele, os primeiros resultados são animadores. “O conilon em altitudes mais elevadas já desperta o interesse de produtores. Essa adaptação pode ser uma resposta à crise climática.”
O sucesso inicial anima, mas a migração do conilon para altitudes mais elevadas ainda precisa de mais estudos. O Incaper já desenvolve pesquisas para avaliar quais clones se adaptam melhor a essas novas condições, com foco em produtividade e resistência.
Adaptação da cafeicultura de montanha
A cafeicultura está ando por grandes desafios devido às mudanças climáticas, e a necessidade de adaptação é cada vez mais urgente. Segundo o engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé, Marcelo Jordão, o calor excessivo pode causar necrose das folhas e reduzir a eficiência da planta. O impacto é maior em floradas tardias, mais vulneráveis à desidratação, enquanto lavouras precoces sofrem menos danos.
Para minimizar perdas, especialistas recomendam manejo resiliente, com nutrição equilibrada, irrigação eficiente e protetores solares. O gerente técnico da Coocafé, Valdean Lourenço, reforça a importância de práticas agronômicas que garantam a saúde das lavouras. “Se tenho uma planta mais nutrida, ela resiste melhor às intempéries climáticas. O contrário acontece com lavouras estressadas, que ficam mais vulneráveis a doenças e à baixa produtividade. Precisamos investir em tecnologias como o biochar e fertilizantes de liberação controlada”, afirma.
No Espírito Santo, a cafeicultura de montanha tem despertado o interesse de pesquisadores e produtores, especialmente no cultivo do café conilon em altitudes elevadas. Tradicionalmente, o conilon é cultivado em áreas irrigadas, mas na região do arábica, onde não há irrigação, é necessário encontrar alternativas para mitigar o estresse hídrico e térmico das lavouras.
Nesse contexto, o extensionista do Incaper João Felipe Senra coordena um estudo intitulado “Clones de conilon para cafeicultura de montanha”, que tem como objetivo selecionar clones adaptados a altitudes entre 500 e 700 metros, ou até mesmo acima disso. “Estamos trabalhando para atender produtores que querem iniciar o plantio de conilon nessas altitudes, mas que ainda não encontraram materiais adequados para essa região”, explica.

João Felipe Senra, do Incaper. Foto: divulgação
O experimento ocorre na propriedade de Adailton Anequim e família, na comunidade de Bom Ver, município de Alegre, a cerca de 650m de altitude. A pesquisa é fundamental, pois atualmente o Espírito Santo possui cerca de 38.960 hectares cultivados entre 500 e 700m, e aproximadamente 108 mil hectares acima dos 700 metros. O estudo busca avaliar o desenvolvimento, a produtividade, a resistência a pragas e doenças, além da qualidade da bebida dos diferentes clones.
O trabalho começou em 2019 com a identificação e coleta de genótipos antigos de cafeeiro conilon acima de 600m. “Coletamos brotos de lavouras com mais de 30 anos de desenvolvimento e identificamos 58 clones”, conta Senra. Em 2020, foram implantadas duas unidades experimentais: uma em Alegre, na comunidade de Lagoa Seca, a 650m de altitude, e outra na Fazenda Experimental Bananal do Norte, em Pacotuba (Cachoeiro de Itapemirim), a 100m, permitindo avaliar como o ambiente influencia no crescimento das plantas.
Os clones consagrados, como 02/86, A1 e LB1, servem como referência no estudo, e os primeiros resultados já indicam que alguns materiais possuem produtividade similar ao clone A1. “Nosso objetivo é desenvolver uma variedade para regiões montanhosas do Sul do Espírito Santo. Temos lavouras de conilon em altitudes elevadas há mais de 40, 50 anos. Nosso trabalho é identificar os melhores materiais nessas lavouras e testá-los”, explica Senra. Isso abre uma oportunidade para os produtores diversificarem as lavouras, substituindo parte da produção de arábica por conilon em regiões onde o primeiro já não se sustenta.
Os estudos ainda não chegaram à fase final, pois é necessário coletar mais dados em múltiplos locais e acompanhar pelo menos mais uma safra. No entanto, os primeiros resultados são promissores. “Já conseguimos identificar clones com alta produtividade em altitude, superando a média do arábica”, afirma o pesquisador.
O secretário de Estado da Agricultura e engenheiro agrônomo, Enio Bergoli, ressalta, porém, que essa transição do cultivo do café conilon para altitudes mais elevadas deve ser feita com cautela. “O conilon é muito sensível a oscilações bruscas de temperatura, e uma queda repentina pode comprometer a florada e afetar a produção”, explica.
O projeto de cafeicultura de montanha do Incaper não busca apenas melhorar a produtividade, mas também mitigar os impactos das mudanças climáticas. “O cenário é preocupante e já está tirando o sono dos produtores. Precisamos de soluções antes que a situação se agrave ainda mais”, alerta Senra. Além da seleção de clones, outra linha de pesquisa busca desenvolver materiais genéticos para sistemas agroflorestais, atendendo agricultores que não podem migrar para altitudes mais elevadas.
A cafeicultura está ando por um momento de transição, e a pesquisa científica tem papel fundamental para garantir um futuro sustentável para os produtores. “O trabalho ainda não terminou, mas estamos avançando para oferecer alternativas viáveis aos agricultores que dependem do café para sua subsistência”, conclui João Felipe Senra.
Desafios e soluções diante das mudanças climáticas
As mudanças climáticas têm alterado significativamente o regime hídrico do Espírito Santo, impactando diretamente a cafeicultura. O Estado tem enfrentado chuvas cada vez mais irregulares, com longos períodos de estiagem intercalados com precipitações intensas. Além disso, o aumento das temperaturas durante a fase crítica do desenvolvimento do café, entre setembro e maio, compromete a formação dos frutos. Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, “essa nova realidade afeta tanto a produtividade quanto a qualidade do grão, exigindo que adotemos estratégias eficazes de adaptação”.
Para mitigar esses impactos, o governo tem investido em iniciativas voltadas à conservação de solo e água. Uma das principais ações foi a criação de um financiamento específico para a construção de pequenas barragens em propriedades rurais. “Com um aporte inicial de R$ 60 milhões, buscamos garantir segurança hídrica aos produtores, fortalecendo a agricultura familiar e reduzindo os efeitos da irregularidade climática”, destaca Bergoli. O armazenamento de água se tornou um fator essencial para a sustentabilidade da cafeicultura no Estado.
Além disso, práticas agronômicas inovadoras vêm sendo incentivadas para garantir maior resiliência às lavouras. O cultivo sombreado, por exemplo, tem se mostrado uma estratégia eficiente para reduzir os efeitos do aquecimento. “A arborização na lavoura pode diminuir a temperatura em até 2°C, reduzindo a evapotranspiração e mantendo a umidade do solo por mais tempo”, explica o secretário. Outra solução essencial é a irrigação eficiente. “Com a irregularidade das chuvas, técnicas como o gotejamento e a fertirrigação são fundamentais para garantir que a planta receba água nos momentos mais críticos, sem desperdício”, completa.
O Estado também aposta em pesquisas para aprimorar o manejo da cafeicultura. “Estamos conduzindo estudos em parceria com as universidades federais do Espírito Santo (Ufes) e de Viçosa (UFV), e os dados são alarmantes: um aumento de apenas 1°C na temperatura pode reduzir a produção de café conilon em até 25%”, alerta Bergoli. Dessa forma, estratégias como o adensamento do plantio, o uso de plantas de cobertura e a aplicação de corretivos no solo, como calagem e gessagem, têm sido incentivadas para aumentar a capacidade de retenção hídrica e proteger as lavouras.
“Estamos no caminho certo e muito à frente”, afirma Ferraço sobre a cafeicultura capixaba
Ricardo Ferraço, vice-governador do Espírito Santo, falou sobre a recente missão técnica que participou, a Vietnam Coffee Experience. “Estive no Vietnã em uma missão, juntamente com comerciantes e produtores rurais, para conhecer o sistema de produção, pois eles são os maiores produtores do mundo. Mas, depois de tudo que vi, tenho a confiança em dizer que nós estamos no caminho certo e muito à frente. Estamos em um grau de evolução maravilhoso”. A comitiva capixaba conheceu a produção, estoque e logística do maior produtor de canéfora do mundo.
“A diferença é que o Vietnã tem 600 mil produtores, enquanto nós temos aproximadamente 10% disso. Só que nossas lavouras são mais produtivas e com muito mais qualidade. Lá, a terra pertence ao governo, não tem propriedade privada, ou seja, é programa de renda mínima, pois as propriedades são em média de um hectare e não têm previsão de crescimento. Assim, o trabalho do Governo do Estado, do Incaper, das instituições e das cooperativas faz com que o café conilon capixaba seja imbatível”.
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