! function(f, b, e, v, n, t, s) { if (f.fbq) return; n = f.fbq = function() { n.callMethod ? n.callMethod.apply(n, arguments) : n.queue.push(arguments) }; if (!f._fbq) f._fbq = n; n.push = n; n.loaded = !0; n.version = '2.0'; n.queue = []; t = b.createElement(e); t.async = !0; t.src = v; s = b.getElementsByTagName(e)[0]; s.parentNode.insertBefore(t, s) }(window, document, 'script', 'https://connect.facebook.net/en_US/fbevents.js'); fbq('init', '790317022061580'); fbq('track', 'PageView');
pube
Cafeicultura

Microterraceamento: estudo pode validar e ampliar uso da técnica no ES

por Rosimeri Ronquetti

em 05/06/2025 às 5h01

8 min de leitura

Microterraceamento: estudo pode validar e ampliar uso da técnica no ES

Área terraceada em Ibitirama (foto: arquivo pessoal)

Siga nosso Instagram: @conexaosafra

Prática antiga no manejo de outras culturas, aplicada com sucesso nos cafezais de Minas Gerais e São Paulo, o terraceamento ainda é uma prática tímida entre os cafeicultores capixabas. A técnica começou a ser implantada inicialmente em lavouras de arábica nas montanhas do Espírito Santo no início dos anos 2000, mais especificamente em Domingos Martins e Venda Nova do Imigrante, de forma experimental.

A partir de 2016, o microterraceamento foi implementado em maior escala em municípios como Ibatiba, Brejetuba, Ibitirama e Mimoso do Sul. Já nas regiões Norte e Noroeste, alguns produtores de conilon de Marilândia, Colatina, Vila Valério e Mantenópolis, já aderiram à prática.

A técnica, explica Cristiano Catheringer, extensionista e engenheiro agrônomo do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) de Ibatiba, “consiste na abertura de microterraços nas entrelinhas café, com 1,3 a 1,5m de largura, formando um caminho plano nas ruas da lavoura, o que permite o trânsito de pequenos tratores e implementos agrícolas adaptados, impossível em condições de declividade.

Com previsão para começar em 2026, o estudo intitulado: “Tecnologia para intensificação da mecanização em lavoura de Coffea Canephora em distintas condições de relevo”, visa à busca de informações e dados na utilização de máquinas e equipamentos em áreas com microterraços.

O objetivo, conforme o pesquisador responsável pelo projeto e coordenador de Cafeicultura da Fazenda Experimental Abraão Carlos Verdin Filho, é avaliar o solo, doenças de plantas e o impacto da máquina causado em lavouras de café conilon, em regiões de topografia acidentada e terraceadas.

Abraão Carlos Verdin Filho, coordenador de Cafeicultura da Fazenda Experimental e responsável pelo projeto. Foto: arquivo pessoal

Além disso, o estudo vai medir a viabilidade econômica do uso de microterraceamento e colheita mecanizada com colheitadeiras automotrizes nessas áreas, em comparação com a colheita manual e semimecanizada. “Será possível munir os produtores de informações e conhecimento, bem como mostrar a possibilidade de efetuar a colheita mecanizada também em áreas de declive”, explica Verdin.

Sobre a importância da pesquisa, Verdin explica que no Estado, segundo dados da Conab, são mais de 260 mil hectares de cultivo de café conilon e aproximadamente 45% dessas áreas estão em topografia acidentada, isso gira em torno de 117 mil hectares.

pube

O pesquisador pontua que, destes 117 há, só é possível efetuar os microterraços em aproximadamente 70 mil, onde vivem algo em torno de mais de 50 mil famílias que se beneficiariam com essa tecnologia. No restante das áreas, não é recomendado o uso do terraceamento, uma vez que existem locais com declividade acentuada”, destaca.

O trabalho será desenvolvido no decorrer de 2026 e 2027, mas o projeto já está em andamento nas propriedades com a separação das áreas de pesquisa. O estudo será desenvolvido por meio de uma parceria entre o Incaper, Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Campus Itapina e cafeicultores das regiões Norte e Noroeste.

Incaper e Ifes farão a parte de pesquisa, disponibilizando profissionais e laboratórios e os produtores cedendo áreas de plantios para os experimentos e contribuindo com mão de obra no manejo da cultura. O valor inicial da pesquisa, orçado em R$ 250 mil reais, será financiado pelo Consórcio Embrapa Café.

Benefícios

Verdin e Cristiano elencam as vantagens do uso da técnica. Cristiano destaca a possibilidade de mecanização dos tratos culturais, como a roçada, adubação, pulverização, aplicação de calcário e herbicidas, dentre outros, o que reduz os custos de produção e contorna o problema da falta de mão de obra.

Além disso, explica o extensionista, o microterraceamento, quando feito de forma correta, torna-se uma excelente prática ambiental. “O microterraceamento propicia um aumento significativo na infiltração de água no solo e ainda diminui a erosão através da redução da velocidade da água, evitando assim o arraste das partículas do solo”.

Cristiano Catheringer, engenheiro agrônomo e extensionista do Incaper. Foto: arquivo pessoal

Para o especialista: “A técnica é sem dúvidas uma alternativa adequada para a sustentabilidade da cafeicultura de montanha para os próximos anos e décadas”.

Verdim disse que “a grande vantagem é que basicamente todas as atividades realizadas em regiões planas poderão ser efetuadas em áreas de declive com o uso dos microterraços. Isso, com certeza, irá maximizar o cultivo do conilon nestes locais, reduzir custos de produção, tornar as atividades com menor esforço físico e maximizar a mão de obra no campo com permanência do homem rural ao meio”.

Mas, se a tecnologia oferece tantas vantagens, por que os produtores não aderem? Cristiano Catheringer “acredita que seja devido ao alto custo de implantação dos microterraços, estimados entre 6 e 8 mil reais por hectare, e o alto custo inicial dos implementos para trabalharem nas lavouras”.

A pesquisa “Tecnologia para intensificação da mecanização em lavoura de Coffea Canephora em distintas condições de relevo” também poderá ajudar na popularização da técnica entre os cafeicultores.

“A prática já é utilizada no Estado, porém ainda em baixa escala, com o resultado dos estudos poderemos aumentar muito a utilização dos micros terraços em áreas com cultivo de café conilon, nossa principal atividade agrícola”, ressalta Verdin.

 

Pagando para ver

Início da experiência com terraceamento no Sítio Carvalho. Foto: arquivo pessoal

Confiando que, mesmo com um investimento alto, vale a pena apostar no microterraceamento, José Geraldo Carvalho (69) e o filho Eduardo José carvalho costa, (36), do Córrego do Laje, em Ibitirama, no Caparaó capixaba, são pioneiros no uso da técnica no município.

Eles ouviam falar sobre terraceamento, mas, sem conhecimento nenhum sobre o assunto, foram em busca de informação. Pai e filho visitaram lavouras no interior de São Paulo e Minas Gerais para ver na prática como funcionava.

Atentos aos desafios da cafeicultura, com a pouca mão de obra e o custo dela, em 2022 resolveram implantar a técnica. A família já fez terraceamento em uma área de aproximadamente 14 hectares de café arábica e todos os anos, à medida que renovam as áreas de lavouras antigas, já faz o terracemento antes do plantio.

Está sendo um sucesso. Uma pessoa sozinha, com o trator e os implementos, toma conta da lavoura, faz tudo mecanizado, adubação de solo, adubação foliar, roçando. Em 2026 planejamos fazer a colheita 100% com máquinas”, explica Eduardo. 

Eduardo lembra que, quando começaram, dado o desconhecimento dos produtores, muitos disseram que eram loucos, mas hoje a realidade é outra. “Agora que já implantamos e já é possível ver as vantagens, os produtores do entorno estão vendo que o caminhão é esse, e já tem cafeicultor se planejando para fazer também. Toda semana recebemos grupos de pessoas daqui mesmo do Estado e de Minas, que vêm ver como funciona”, conta Eduardo.

Sobre os altos custos, o cafeicultor garante que “Em poucos anos o investimento se paga, devido à economia com a mão de obra”.

O casal Ériclis Carvalho, 28 anos e Samara Carvalho, 25, de Santa Rita, mais especificamente no córrego Santo Antônio, Ibitirama, são primos de Eduardo. Eles também foram ver de perto lavouras terraceadas em Minas e receberam a visita de cafeicultores mineiros que vieram conhecer a propriedade e orientá-los. “Lá dá super certo, é outro mundo, diferente do nosso aqui”, comenta Samara.

José Geraldo Carvalho e o filho Eduardo. Foto: arquivo pessoal

O casal plantou a primeira área em março de 2024 e não parou mais. A técnica já foi aplicada em uma área com cerca de 50 mil pés de arábica, no Sítio Carvalho que fica entre 850 e 1000 metros de altitude.

Resolvemos tentar, o máximo que você puder fugir de mão-de-obra, melhor é. Com o terraceamento podemos usar a colheitadeira com desnível nas rodas, tudo está sendo adaptado para isso e a gente está com expectativa lá em cima. Se der tudo certo, pretendemos fazer também em outras áreas”, revela Samara.

Clique aqui e receba as principais notícias do dia no seu WhatsApp e fique por dentro do que acontece no agronegócio!