“Bromélia-peluda”: nova espécie é descoberta em Minas Gerais
por Redação Conexão Safra
em 09/03/2024 às 6h00
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Fotos: divulgação/ Instituto Nacional da Mata Atlântica
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Uma bromélia com folhas aveludadas e cheia de pelos foi descoberta recentemente por pesquisadores brasileiros, com a participação de um cidadão cientista. A nova espécie foi nomeada Krenakanthus ribeiranus e a sua descrição foi publicada nesta quinta-feira, dia 5 de outubro, na revista “Phytotaxa”, em artigo assinado por pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A bromélia-peluda foi encontrada em uma montanha no município de Alvarenga, no vale do rio Doce, em Minas Gerais. A descoberta teve um início inesperado, quando Júlio César Ribeiro, morador da região, explorava uma área com muitas cachoeiras. Em um paredão rochoso, ele se deparou com pequenas plantas de folhas verdes pálidas e, entre as folhas, havia uma pequena flor de cor rosa. “Além de ser uma planta que eu nunca tinha visto na região, as folhas peludas chamaram a minha atenção, como as do capim, e também as flores saindo no meio das folhas”, conta Ribeiro, que fotografou a planta e enviou as fotos para os pesquisadores, que já desenvolvem estudos naquela região.
“Quando se fala em bromélias, a imagem mais comum que vem à mente é de plantas com folhas brilhantes que acumulam água ou de plantas espinhentas como o abacaxi. É difícil imaginar uma bromélia com folhas aveludadas e cheia de pelos e isso é só um dos motivos que tornam essa descoberta tão empolgante”, explica Dayvid Couto, pesquisador do INMA. “Essa planta é tão diferente que, quando recebemos a foto enviada pelo Júlio, achamos que ela pudesse ser várias outras espécies, menos uma bromélia!”, revela o especialista. Isso porque, entre outras características, a planta possui as folhas recobertas por pelos (tricomas) brancos, uma característica incomum em bromélias.
Os pelos da bromélia-peluda podem ter como função absorver água ou proteger contra a perda de água para o ambiente, sugerem os pesquisadores no estudo. “Antes da descoberta dessa nova espécie, apenas uma outra espécie, que não é peluda, era conhecida do gênero Krenakanthus, cujo nome significa ‘flor dos Krenak’, uma homenagem ao povo originário dessa região, no vale do rio Doce”, conta Paulo Gonella, professor da UFSJ.
O epíteto dessa nova espécie, ribeiranus, é uma homenagem ao seu descobridor, o jovem Júlio César Ribeiro. Segundo Gonella, “a homenagem é um reconhecimento ao olhar apurado do Júlio, que já contribuiu na descoberta de outras espécies da região, atuando como cidadão cientista”.
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A ciência cidadã é uma parceria entre cientistas e cidadãos no desenvolvimento da pesquisa científica, na qual os cidadãos podem participar em várias fases da pesquisa, como coleta, interpretação e análise de dados, e na elaboração conjunta de projetos para responder questões científicas. “No caso dessa pesquisa, o Júlio contribuiu desde o levantamento de uma questão que era ‘que espécie é essa que eu não conheço">